sexta-feira, 25 de março de 2011

Bússola II

Estava perto. No fundo de uma daquelas caixinhas que temos à vista, mas que de tão presentes se esquecem. Dobrada cuidadosamente, repousou ali - segura - todo o tempo que precisei de seguir por outros lados até concluir que segui-la-ía novamente. Está empoeirada, algo amarelecida como todos os papéis deliciosos - escritos antes de nascermos - que nos contam coisas que os antigos sabiam serem certas para mim antes de Eus mesmos termos entendimento. A bússola, tosca, marca o Norte - firme, certa. Encontrei a Carta de Marear, e ela mostra-me a rota, ainda que enevoada pela poeira. Está na hora...

terça-feira, 22 de março de 2011

Lasciami vivere!

Solta-me. Desata os nós que foste apertando mais e mais ao longo do tempo em que precisaste deles para não cair no abismo que está no fundo de ti.  Nós estrangulam, e um humanamente animal sentindo-se acossado ataca, sem contemplações, sem medos, sem pudores. Os sedativos esbateram-se, diluíram-se na corrente, e hoje sinto-me viva. Viva e com sede de viver, de ser, de ver, de sonhar o que vou viver  e o que quero ser.  E quero, muito – mais que nada – sentir a glória da quebra dos grilhões, sentir a madrugada. Quero as minhas asas, que tenho, que sinto, que vejo e que estão trôpegas de carregar chumbo para não voar.
Espera. Tu não me prendes. Eu mantenho-me cativa voluntáriamente, cativa de ignobilidades que deveria nunca ter considerado possíveis. Voar? Agora.

Bússola

Guardei a minha Carta de Marear dentro do meu cosmos. Fi-lo com tanto afinco que a perdi, dentro do Eu. Tento, e erro, navegar usando as trilhas que outras cartas me impõem que siga. Trilhas clarividentes, cheias de certezas e conjunturas cheias de si.
Não perdi, nunca, a minha bússola. Tosca, nem sempre apuradamente me mostra o Norte, mas que guiando-me entre caminhos alheios ao Eu nunca me deixou fugir do meu Oriente... Grita. Grita e zune cada vez mais pedindo-me que descubra as linhas que me foram traçadas e que me levarão aonde pertenço. Mas...