terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aspeta un àtimo...

O tempo corre veloz e descompassado entre os passos mecânicos do relógio. Corre, corre tão devagar que foge.
Olho para os ponteiros milhares de vezes. Entre cada uma delas pergunto ao mostrador impávido - inflexível como um sargento de cavalaria - onde guarda ele o meu tempo. Qualquer um dos meus.
Os conceitos revêem-se diariamente. Sempre pensei que o meu maior luxo eram os puros. Hoje compreendo que era, na verdade, o tempo que eles me davam para ouvir a cacofonia de todos os meus Eus dentro do silêncio azul do fio de fumo.
A cacofonia, cada vez mais e mais ensurdecedora, soltou-se. Caótica. Ininteligível. Como em qualquer orquestra, devia ter sido ouvida linha a linha, tom a tom, compasso a compasso. Foi esquecida. Eu esqueci-me de como se conduz a minha própria orquestra. E agora ensurdeço, perdida na falta de silêncio que outrora desejei.

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